O festival Amazônia Live, realizado em um palco flutuante em formato de vitória-régia, encantou o público ao reunir grandes nomes da música nacional e internacional — entre eles, a estrela Mariah Carey. A proposta principal do evento foi a sensibilização para a preservação da Amazônia, destacando a urgência do cuidado com a floresta e reforçando seu papel vital para o equilíbrio climático do planeta.
A iniciativa também celebrou a diversidade cultural da região, ao valorizar artistas locais e aproximar o mundo da riqueza musical paraense, garantindo visibilidade para a região e fortalecendo o debate ambiental em escala global.
No entanto, uma pergunta inevitável paira no ar: por que não transformar esse gesto simbólico em uma ação efetivamente beneficente? Uma live de arrecadação, por exemplo, poderia ter canalizado a atenção internacional em prol de melhorias concretas para os povos ribeirinhos e comunidades tradicionais que vivem na floresta e enfrentam desafios diários relacionados à saúde, educação, transporte e saneamento básico.
O espetáculo, sem dúvida, cumpriu seu papel de chamar a atenção para a Amazônia. Mas ao unir arte, consciência ambiental e solidariedade social, teria potencial de se tornar ainda mais transformador — não apenas para a imagem da floresta diante do mundo, mas para a vida de quem dela depende diretamente.
Assim, o Amazônia Live deixa um legado artístico e ambiental, mas abre espaço para reflexões sobre como futuros eventos podem somar cultura, preservação e impacto social, garantindo que a beleza do espetáculo também se traduza em esperança e dignidade para os povos amazônidas.
Eunice Espinola
DRT/BA 5569