"Apesar dos dias estranhos e difíceis, o belo continua a existir".
Eunice Muñoz
Uma porta e uma janela sem parede e sem telhado, eu sentado junto dela
eu sentado junto dela
Eu canto samba e eu canto fado..."
Uma porta e uma janela uma marcha de Francisco Alves que levou ao palco aos seus cinco anos de idade a maior atriz portuguesa - Eunice Munhoz. Uma atriz de referência do teatro, televisão e cinema português, considerada unanimemente uma das melhores atrizes portuguesas de todos os tempos.
As Mulheres eram apaixonadas pela Eunice porque ela não era traiçoeira e nem invejosa.
Mandavam-lhe tudo e sobretudo muitas fotografias, muito amada por todos.
E com ela não era diferente, Eduarda Neves Coimbra Simões era uma fã, admiradora e apaixonada por Eunice Munhoz, e por tudo que ela representava. Causando em seu esposo uma ponta de ciúmes , que lhe desdenhou ... ele António Carlos Simões diz-lhe:
-És Invisível aos olhos dela! (De Eunice Munhoz).
Mas não foi o próprio Saint Exupéry que disse que “O essencial é invisível aos olhos”.
Para uma menina que chegou viu e venceu.
Que não fazia ideia do que ia lhe acontecer. Uma miúda, certamente cheia de medos. E que se tornou um exemplo para todas as mulheres que lhe assistiram.
Herdeira do sangue artístico do Muñoz Cardinali do circo e da música o avô tinha o curso de violino do conservatório de Madrid.
Eunice Munhoz casou aos 18 anos e aos 19 teve sua primeira filha , Susana, filha da união com Rui Couto, arquiteto, 11 anos mais velho. Um notívago, boêmio, o qual ela era muito nova para entender que a filha, ainda bebê , tinha que ir com ela para os camarins. “Certa vez, na peça Noite de 16 de Janeiro, chegou a hora de subir à cena e começou a sentir que estava derramando leite. Ela tinha aceitar muitos papéis “porque precisava do dinheiro” e nunca pode sair de Portugal pois precisava da autorização deste marido, de quem se separou pelas circunstâncias.
Teve ao longo da vida três maridos e seis filhos e filhas.
Teve a grande alegria de se despedir de uma forma muito bonita aos 83 anos, no teatro Mirita Casimiro e na companhia do Mestre Avillez.
O Teatro Nacional D. Maria II também quis homenageá-la, uma das mais queridas atrizes portuguesas criando “74 Eunices”. Num momento irrepetível, setenta e quatro atrizes subiram ao palco da Sala Garrett com um texto composto por falas ditas por Eunice Muñoz nas 42 peças que representou naquela sala desde o dia em que se estreou, em 1941.
Para Maria Rueff, “foi um momento especial”: “Cresci a assistir à Eunice Muñoz. É uma inspiração para todos nós, sobretudo pela sua enorme generosidade de continuar a apoiar quem começa. Depois, por ter vindo também do circo, tem uma ternura muito grande por comediantes, e isso comove-me muito.
Devemos-lhe todas tudo. Seria impossível não ter estado aqui hoje.”
Então eu pergunto, como contestar Eduarda Neve Coimbra Simões , a 75° mulher que me trouxe esta belíssima leitura sobre uma mulher que marcou seu tempo e a nossa história. Vivas Eunice Munhoz!
Eunice Espinola