Elza Soares: de vítima de violência doméstica a deusa na Sapucaí - Morre aos 91anos
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Publicado em 20/01/2022

Elza Soares: de vítima de violência doméstica a deusa na Sapucaí

Morre aos 91anos

A cantora já enfrentou a pobreza, a fome, a morte precoce de filhos - e renasceu musicalmente nos últimos anos, com a língua afiada como sempre e de mãos dadas com novas sonoridades .

 

Elza Soares vê anjos. "Ela me chamou um dia quando estava indo embora, já dentro do carro, de porta fechada, e falou assim pela janela: 'Menino, você pode não acreditar no que eu vou falar, mas, desde a primeira vez em que encontrei você, eu vejo um anjo sobre a sua cabeça. É uma mulher mais velha, de cabelos brancos, lenço na cabeça. Não sei o que é, mas me parece um anjo.'"

Quem conta a história é Pedro Loureiro, hoje em dia empresário e responsável por diversos aspectos da carreira da artista. Pedro afirma que a descrição feita por Elza batia com a aparência de sua mãe, que havia falecido vítima de um câncer poucos meses antes do primeiro encontro entre os dois. A declaração feita pela cantora mexeu com Pedro de tal maneira que ele se afastou da amizade que aos poucos ia se formando ali. Mas Elza insistiu: alguns meses depois, ela convidou o então administrador para um almoço em sua casa e voltou a falar da tal visão. "Sabe aquele anjo de que eu te falei um dia?", perguntou. "Eu sonhei com ela algumas vezes, e no sonho ela aponta para você e me diz que você tem algo pra me dar. Que você vai transformar minha vida, e eu vou transformar a sua."

O ano era 2014, e Elza Soares - dona de uma das vozes mais marcantes da música brasileira - passava por um período complicado, tanto pessoal quanto profissionalmente. Para o grande público, estava "sumida": seu último lançamento havia sido uma coletânea de 50 anos de carreira, Deixa a Nega Gingar, em 2009. Foi a partir de outubro de 2015 (depois da perda do filho Gilson, morto aos 59 anos em consequência de complicações de uma infecção urinária), com o lançamento de A Mulher do Fim do Mundo, que Elza renasceu musicalmente: o disco, produzido por Guilherme Kastrup, mistura gêneros como o samba, o rap e a música eletrônica, e é o primeiro de inéditas da artista, com letras que falam de feminismo, violência doméstica, negritude - todos assuntos de que Elza entende muito bem. O trabalho a levou ao palco do Rock In Rio pela primeira vez, ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira e foi eleito pelo The New York Times como um dos dez melhores do ano, ao lado de obras de ícones como David Bowie e Beyoncé.

Fonte: NSCTOTAL

 

 

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